Paris, o que você me diz?
BRASILEIROS QUE CONHECEM REVELAM SUAS PREFERÊNCIAS
Opinião de Carlos Dória
Revelações:
Carlos Dória
UM BAIRRO:
Passear por Saint-Germain-des-Prés é ter uma percepção única de Paris. Pisar onde pisaram Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Miles Davis, Alberto Giacometti, Julio Cortazar e centenas de outras personalidades da cultura mundial; fuçar nas livrarias dentre as preferencias de cada um; sentar-se num café apenas para ver o tempo passar - nada disso tem paralelo! É por isso que se trata de um bairro tão “turistico”, mas tudo tem seu preço.
UM RESTAURANTE:
Escolher um restaurante em Paris é muito dificil. É grande a tentação de ficar com os lugares estrelados, assim como é grande a de se eleger um bistrô qualquer, onde o atendimento seja simpático, a comida razoável e se possa ir a pé de onde se está hospedado. Mas fico a meio caminho: um bistrô moderno, de cozinha acima da média; simpático, acolhedor e barato: o Le Vilarett, 13 Rue Termaux, metro Parmentier. Um lugar “off Broadway”, decoração moderna e com coisas “antigas” que muito aprecio: toalhas e guardanapos de algodão, em contraste com os odiosos guardanapos de papel que se generalizaram nos demais bistrôs.
UM LUGAR ROMÂNTICO:
Passear calmamente pela Île de Saint-Louis, a pé ou de bicicleta, tomando um sorvete (que tal um gianduja a l´orange?) comprado na Glacier Berthillon, 29-31 rue Saint Louis en l’Ile é um dos programas com direito legítimo a figurar no album romântico de qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade.
UM LUGAR SECRETO:
O Musée d'Art et d'Histoire du judaïsme, na 71 Rue du Temple, metro Rambuteau. Instalado num belo edifício, organizado com as melhores técnicas museográficas, reune uma coleção surpreendente da história judaica; especialmente obras de arte e objetos de culto muito antigos. Conta também com as doações feitas pelo barão Nathaniel de Rotchschild ao Estado, em 1890. Ali está retratada a história e o drama de um povo, fundamental para se compreender a história moderna e que nada tem a ver com a política atual do Estado de Israel.
UM BAR À VINS:
O Willi’s Wine Bar, 13 Rue des Petits Champs (williswinebar.com), é um dos lugares mais simpáticos para se almoçar bem e barato. Sempre um menu confiance criativo, leve, acompanhado pelos melhores vinhos de ocasião, servidos em taças. Boa escolha de queijos também. Dá grande prazer e não atrapalha o programa que se fará em sequencia, de tarde.
UMA PONTE:
Pont-Neuf
UM VISUAL DESLUMBRANTE:
A Tour Eiffel. De repente, a cidade parece ter sido construida para ser vista do topo da torre. Se não existisse, seria preciso construí-la. Vale enfrentar as filas intermináveis de turistas, se confundir com eles. Afinal, a vista se carregará para sempre na memória; a fila se esquece num instante.
UM MUSEU:
O Grand Palais é um monumento da humanidade. Ir a Paris e não visita-lo é mil vezes pior do que ir a Roma e não ver o papa! Qualquer que seja sua programação de mostras, a visão da sua nave central já vale a visita. O resto é lucro.

Nasceu em São Paulo, 1950. É doutor em sociologia pela Unicamp, sócio-diretor de uma empresa de consultoria (Boucinhas & Campos Consultoria de Gestão). Tem como hobby a gastronomia, assunto sobre o qual já escreveu vários livros (Estrelas no céu da boca; Com unhas, dentes & cuca - em parceria com Alex Atala; A culinária materialista e A formação da culinária brasileira). Quando viaja pela Europa, não deixa de passar por Paris.